Quando os chefes e guerreiros saiam à procura de um lugar melhor para se instalar, estes não retornavam às suas casas porque eram engolidos por aquelas terras, conta o avô Munawaara.
Um dia, os familiares dos chefes e guerreiros cansados dos acontecimentos, foram consultar uma vidente do que estava acontecendo. Quando estes chegaram, a anciã disse que não seria possível ocupar as terras devido a maldição que as mesmas tinham. E todos que tentassem, teriam o mesmo destino que os outros tiveram.
Num belo dia de inverno, fazia bastante frio e do nada um idoso que andava apoiado de muletas saiu para aquelas terras a procura de lenha para se aquecer, quando a população viu o idoso tentaram o impedir porque sabiam dos mistérios que aquela terra proporcionava, mas este não quis ouvir ninguém e continuou a sua jornada. Quando o idoso chegou a floresta, começou a recolher a lenha. De repente, o idoso viu algo estranho à sua frente e quis aproximar-se dela, chegado perto este viu uma lenha diferente daquelas que já vinha apanhando e na curiosidade tentou levá-la consigo. Quando este tocou na lenha, uma luz brilhante espalhou-se em toda floresta e de repente ele corria em direcção a aldeia, mas não se tinha apercebido que corria sem as muletas e a lenha desapareceu.
De volta à comunidade, as pessoas ficaram espantadas por este ter voltado sem as muletas e a população ajoelhou-se diante dele, pois o idoso tinha livrado a terra da maldição, a população saiu das montanhas e começou a habitar naquelas terras e chamaram o lugar de (NAMIKOPO) que significa ‘’Homem de muletas ou paus” em homenagem ao idoso que é considerado herói naquela comunidade.
O avô Munawaara acrescenta que embora ignorem, algumas pessoas mais velhas daquela comunidade conhecem esta história, e essa pode ser a razão por que algumas crianças nascidas e crescidas naquela zona tenham um comportamento desviante à margem da sociedade. Nos anos 90 por exemplo, conta ainda o avô Munawaara, o bairro de Namicopo, chegou a ser referenciado como dos bairros mais perigosos do país, porque para além de actuarem como agressores, bandidos e marginais em Nampula, os jovens deste bairro, já praticavam estes actos em Maputo, África do Sul, Suazilândia e outros pontos.
Com a presença dos colonos juntamente com os missionários, para travar o clima de contestações que esta comunidade liderava a nível de todas as aldeias, estes instalaram a primeira Igreja ou centro de oração naquela comunidade para travar as manifestações contra os colonos e ganhar as almas. Foi por essa razão, conta-se, que foi ali instalada residência oficial do Arcebispo de Nampula e o primeiro Arcebispo daquela Arquidiocese foi Dom Manuel Vieira Bento.
Escrito por Jacinto Jeque para Tsevele