Normalmente, a dança era executada por mulheres, em movimentos que consistiam em rebolados envolvendo as ancas, nádegas, barriga e pernas, enquanto os homens tocavam os tambores. Entretanto, no momento da exibição da dança, a cintura é a principal parte do corpo que trabalha, a qual deve ser estrategicamente mexida, mostrando um gingado sem igual, característico da dança.
Para executar a dança, as bailarinas formam um semicírculo, com os tocadores de batuque atrás, e entram duas de cada vez, saindo das extremidades para o meio, fazendo exibição do seu rebolado. Quem rebola melhor continua a dança enquanto a outra permite a entrada da companheira ao mesmo tempo em que sai.
Evoluções ao longo to tempo
Nos últimos tempos este bailado passou a ser acompanhado de Xakala, um instrumento feito com latas de Zinco. Enquanto dançam, as mulheres utilizam apitos e chocalhos feitos actualmente com latas de leite, no interior das quais se colocam sementes.
Vovó Olga é dançarina de Zoré desde 2014. Ela refere que não há limitação quanto ao número de envolvidos necessários para participar do grupo de dança do Zoré. Falando do seu grupo, menciona que são cinco batuqueiros mais vinte dançarinos, entre os quais estão homens, mulheres e crianças. “Nós ensinamos também as crianças para que a dança não morra”, menciona a nossa entrevistada. Vovó Olga refere que actualmente se dança Zoré em ambientes festivos, especialmente na recepção de visistantes, como acontece quando se espera pela visita do Presidente da República ou outro governante.
Uma apresentação diferente
As roupas usadas para dançar Zoré incluem duas capulanas amarradas à cintura mais uma cinta para amarrar por cima das capulanas, cinta esta que deve ser de cor branca, designada queca. As capulanas usadas são de estampa determinada pelo tipo de evento festivo. Se for a celebração das festividades do 7 de Abril, por exemplo, amarra-se uma capulana própria do evento. O mesmo acontece para as demais ocasiões festivas, sendo que as duas devem ser iguais, isto para as mulheres e homens que dançam. Enquanto os homens ou mulheres batuqueiros/as, colocam a capulana em forma de faixa no ombro e depois prendem as duas extremidades debaixo do braço. E usa-se também o lenço “porque é uma dança tradicional por isso não se pode dançar com cabeça descoberta”, é um sinal de respeito, segundo refere vovó Olga. Os pés, por outro lado, devem estar descalços.
Conforme refere a nossa entrevistada, Zoré pode ser dançada a qualquer hora do dia, sendo que as músicas que a acompanham são geralmente em memória aos antepassados, como o caso de canções que referenciam Samora Machel, Eduardo Mondlane, Josina Machel, etc., grandes ícones da identidade Cultural e histórica de Moçambique
Escrito por Vanila Amadeu para Tsevele