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sexta-feira, 02 outubro 2020 18:32

Xibehe: mais um segredo da gastronomia Chope

Xibehe seco Xibehe seco

Xibehe (pronunciado txibehe) é um alimento que, assim como o óleo de mafurra, acompanha a diversidade gastronómica dos machopes já há anos. Este também é derivado da mafurra.

A sua produção consiste no aproveitamento do bagaço do qual foi extraído o munhazi ou ntona. Portanto, depois do processo de extracção do ntona, deixa-se o conteúdo restante a ferver, num fogo brando, para evitar a queimadura. Uma vez acabada a água, o conteúdo deverá, segundo refere Margariga, já se ter transformado em uma pasta sólida. “Depois de atingir este ponto de consistência, tira-se do fogo para arrefecer. Já arrefecido, o produto está pronto para ser moldado com as mãos em formato de pequenas arrofadas, que deverão ser expostas ao sol para secar entre uma a duas semanas”. A nossa entrevistada aponta para a importância de uma boa secura como elemento crucial para melhor e mais duradoira conservação. Assim, o xibehe pode ser mantido por mais de um ano, se for colocado em ambiente fresco e seco.

O consumo deste alimento pode ser efectuado mesmo antes de ser moldado em rodelas e colocado a secar ao sol. Carlos Amadeu confessa que esta é a sua forma de consumo favorita. Neste caso, ele é simplesmente servido no prato, consumido simples ou com mandioca cozida, ou ainda colocada a pasta no caril de peixe a coco. Já o xibehe seco por duas semanas, também pode ser consumido da mesma forma, para tal deverá ser pilado para transformá-lo em farinha que possa facilitar a mistura com os outros alimentos. Este também pode, como culturalmente os machopes fazem, ser consumido no caril de folhas de batata-doce ou de thseke, quando cozido a coco.

Curiosidades

  • A produção do óleo de mafurra no caso é acompanhada por alguns tabus. Conforme a nossa entrevistada refere, são factos que podem ser verificados por qualquer um. Entre os tabus está o que refere que:
    Há que ter cautela em relação às pessoas que vão participar da produção do óleo de mafurra, pois, segundo refere Margarida, uma mulher menstruada ou que se envolveu em acto sexual há poucas horas da preparação do óleo, se participara na produção do ntona, a sua extracção fracassa;
  • Existe ainda o que ela chama de “não ter mão para fazer óleo de mafurra”, o que significa que há pessoas que são naturalmente desabilitadas a produzir o alimento. Segundo Margarida, isto acontece não porque as pessoas visadas não possam cumprir rigorosamente com as medidas exigidas, mas porque quando chega a altura de colocar a panela no fogo para extracção do óleo, este simplesmente não sai. Este é o caso da Margarida, que sempre que pretende produzir o óleo, conta com a ajuda das filhas para pôr as panelas no fogo;
  • A quantidade do óleo a ser extraído da panela não depende da quantidade da mafurra amassada, mas do que Margarida chama de “mão de cada um”.

Escrito por Vanila Amadeu para Tsevele.

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