Na actualidade, esta bebida tem sido por vezes, substituída por refrigerantes. Entretanto, as melhorias na sua forma de confeccionar e conservar, têm conquistado cada vez mais admiradores para o seu consumo, de diferentes níveis sociais.
Com base no conhecimento e práticas dos povos do sul de Moçambique, o Maheu não era comercializado, devido ao peso cultural do mesmo mas, na actualidade, é comum encontrar pequenos produtores e fornecedores deste produto que, em troca de valores monetários, assim sustentam suas famílias.
As Massugukatis, anciãs ou mulheres mais velhas, eram as pessoas mais indicadas para o preparo deste refresco. Entretanto, com o andar dos tempos, hoje em dia qualquer pessoa pode preparar o Maheu.
Felizarda Massango, oriunda da província de Gaza, actualmente vivendo em Maputo, é produtora e comerciante de Maheu hà quase sete anos, e fala-nos um pouco dos ingredientes e do modo de preparo desta bebida.
A senhora Felizarda começa por partilhar os ingredientes necessários: farinha de milho, água e açúcar. “A quantidade dos ingredientes dependerá da quantidade que se pretende extrair. No caso de um quilograma de farinha, serão necessários três litros de água e açúcar a gosto", explica Felizarda. Segundo ela, para preparar esta bebida, é preciso deixar a farinha de milho de molho "ku loveka”, num recipiente com água durante 24horas, antes de levar ao processo de cozedura.
Após o “Ku loveka”, cozinha-se bem a farinha para formar uma papa não muito espessa (mas também não muito leve) por cerca de 20 ou 30 minutos. Deve-se mexer com a colher de pau, regularmente, até ganhar a tal consistência e, cuidando para não formar bolas de farinha mal cozida.
Uma vez pronta a papa de farinha de milho, deixa-se arrefecer, de um dia para o outro. No dia seguinte, retira-se com cuidado a película seca que se forma à tona e, cuidadosamente (para não levantar possíveis fundos meio queimados), transfere-se a papa para um recipiente onde vai acontecer a fermentação. O recipiente pode ser de plástico ou, ao bom estilo antigo, uma bilha de barro (cerâmica). Antes, porém, deita-se no fundo desse recipiente, um pouquinho de açúcar que vai servir de catalizador da fermentação. Num intervalo de um a dois dias, (depende da velocidade da fermentação) deixa-se o empapado a repousar em um lugar escuro e fresco. Quando estiver fermentado (soltando bolhinhas), adoça-se a gosto com açúcar e serve-se fresco. E conserva-se bem num jarro e na geleira.
Para ajudar na fermentação, a tradição ensina também a colocar dentro um pedaço descascado de batata doce.
O Maheu, por ser uma bebida pesada, deve ser consumido muito moderadamente, por forma a não prejudicar o apetite para o resto das refeições. É uma bebida que se serve fresca e boa em qualquer hora do dia.
Escrito por Elton Matule para Tsevele